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Ecoeficiência e “Produção mais Limpa”

Enquanto o DS foi rapidamente incorporado à agenda política dos países, o mundo dos negócios levou um tempo para “digerir” o novo conceito, tendo a Rio 92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992) contribuído nesse processo. 


Sabendo que não poderiam ir para esse encontro de “mãos vazias”, em 1991 um grupo de 48 líderes empresariais, liderados pelo suíço Stephan Schmidheiny (a convite de Maurice Strong, que também foi o secretário geral da Rio 92) encomendou um estudo para buscar uma palavra que exprimisse entendimento do mundo dos negócios sobre a relação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente. O termo escolhido foi Eco-efficiency (usualmente traduzido livremente como Ecoeficiência) e a mensagem central é que as empresas devem ser mais eficientes na forma como utilizam matérias-primas e energias para produzirem os produtos que consumimos, pois assim reduzem custos operacionais e impactos ambientais simultaneamente.


Changing Course: a global business perspective on development and the environment
Publicação com definição de Ecoeficiência

No ano seguinte, esse mesmo grupo lançou a publicação “Changing Course: a global business perspective on development and the environment”, onde o termo Eco-efficiency foi apresentado como uma abordagem de gestão orientada a fazer mais com menos, focando no uso mais eficiente de matérias-primas e energia, a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais, simultaneamente.






o WBCSD é a voz do empresariado global junto ao tema do desenvolvimento sustentável
o WBCSD é a voz do empresariado global junto ao tema do desenvolvimento sustentável

Esse grupo de empresas cresceu e em 1995 foi fundado o World Business Council for Sustainable Development (no Brasil, Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável).


Levando-se em conta que ser mais eficiente é o “dia-a-dia” de toda empresa, conclui-se que esse posicionamento foi bastante conservador por parte do mundo dos negócios, que optou por uma leitura de fácil adoção por parte das empresas. Ainda, é importante notar que a dimensão “pessoas” ou “social”, fortemente presente no conceito de desenvolvimento sustentável, ficou de fora da definição de Ecoeficiência. 


Também é digno de nota que até hoje há muitas empresas que falam em sustentabilidade ou mesmo em ESG (Environmental, Social and Governance) e focam, em verdade, em Ecoeficiência, pois o ponto de partida é sempre a redução de custos via aumento de eficiência produtiva, sendo a redução de impacto ambiental uma consequência, quase que “em efeito colateral”.


No entanto, mesmo com essas limitações, deve-se ressaltar que a busca por maior eficiência no uso de recursos durante o processo de fabricação preconizada pela Ecoeficiência marcou uma grande mudança na abordagem das empresas em relação aos impactos ambientais associados às suas operações, que até então era marcada por uma postura passiva, focada na mitigação desses impactos gerados, em uma abordagem conhecida como “Fim-de-tubo”.


Nesse sentido, a Ecoeficiência mudou o foco dos resíduos para o processo produtivo onde eram gerados, sendo, assim, considerada uma abordagem proativa, voltada mais às causas da geração dos impactos ambientais associados os processos de produção.  


Esse caráter proativo da Ecoeficiência foi reconhecido e reforçado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com o lançamento do conceito e da iniciativa denominada de Produção mais Limpa (Cleaner Production), cujo grande objetivo era justamente despertar o empresariado para uma abordagem de gestão que fosse orientada à causa da geração dos impactos ambientais associados aos processos produtivos e o quanto poderiam economizar com isso.


Esse programa foi fortemente influenciado pelo programa Pollution Prevention Pays da 3M, que já naquela altura, final da década de 80 e começo da década de 90, mostravam os ganhos financeiros associados a medidas de redução na fonte dos impactos ambientais por meio da melhoria nos processos produtivos. 


Em seu esforço de disseminação dessa nova abordagem, o PNUMA criou vários centros regionais de Produção Mais Limpa em várias regiões do globo, sempre em parcerias com instituições locais. No Brasil, foi criado o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Rio Grande do Sul. Segundo o CNTL, a P+L é a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo.


Estratégias e práticas da P+L
Estratégias e práticas da P+L

A relação entre P+L e Ecoeficiência é que a primeira é o “caminho” para se “chegar” à segunda, sendo que embora a definição de P+L aborde o desenvolvimento de produtos, seu foco amplamente o processo de fabricação dos produtos, pois quando o surgimento desse conceito ainda não se falava amplamente em considerar o ciclo de vida dos produtos. 


A P+L teve grande importância tanto para o mundo empresarial como para o acadêmico, sendo que desde 1993 existe o Journal of Cleaner Production, um dos periódicos científicos da área mais conceituados atualmente.


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